segunda-feira, 1 de junho de 2009

1º de junho de 2005: O dia em que parte de Santa Catarina amanheceu em luto!


Há exatamente quatro anos, o Oeste, Meio-oeste e Serra de Santa Catarina, bem como, Norte do Rio Grande do Sul, amanheceram em luto. A TV Catarinense de Joaçaba, que retransmitia a programação da TV Bandeirantes, que foi ao ar pela primeira vez no dia 27 de maio de 1988, retransmitindo a extinta Rede Manchete, com a denominação Barriga Verde, havia sido enterrada às 23h59min. do dia 31 de maio.

Lembro como se fosse hoje, o último telejornal de maior audiência da região, o Jornal do Meio Dia. Naquela ocasião, às 13h, a equipe que ajudou a contar a história de toda a região, se despediu em tom emocionado, com lágrimas de quem prezava pelo que fazia e a certeza de terem feito um ótimo trabalho. Após 17 anos no ar, antes de completar sua maioridade, a emissora que falava a língua dos catarinenses se despede e dá lugar a RBS TV Centro Oeste.

Naquele dia 1º de junho de 2005, expectadores de toda a região ligaram seus televisores no canal 6 de Joaçaba e se sentiram órfãos. Não só pelo fato, de que toda a programação havia mudado, mas por terem a certeza que nada seria como antes.

Eles não se enganaram. Em pouco tempo, a RBS transferiu as suas operações para Lages, deixando a população de Joaçaba e região, ainda mais isolada do mundo. Tudo parecia estar desabando. A cidade de um dos maiores carnavais do Brasil, amplamente divulgado na tela da TV Catarinense, se via perdendo uma das suas maiores conquistas. A TV de Joaçaba era a única do Brasil, em sinal aberto, com sede numa cidade com o porte de Joaçaba.

Ao todo eram 16 programas locais, um amplo espaço regional, que foi resumido em míseros minutos diários, estes sem a liberdade editorial e o padrão de qualidade daquela TV que nos seus 15 anos, chegou a ser chamada pelo atual governador como “a menina dos nossos olhos” e dois anos depois foi sepultada.

Profissionais que passavam a credibilidade e conheciam cada pedacinho daquela terra, foram demitidos em massa. Edy Wilson Serpa, apresentador do Jornal do Meio Dia da TV Catarinense, hoje é gerente de jornalismo da RIC -Record em Florianópolis e apresentador do Economia News. O jornalista começou a trabalhar na Catarinense, meses após sua fundação. Nelson Paulo dos Santos continua na Rádio Catarinense de Joaçaba, ao lado do companheiro Clemir Schimidt, que trabalha na equipe de jornalismo e também tem um jornal semanal intitulado “Folha da Manhã”. Já a repórter Adriana Parizi, hoje trabalha com assessoria de imprensa.

Além da sede em Joaçaba, a TV Catarinense possuía quatro sucursais: Chapecó, Concórdia, Lages, Erechim e Florianópolis. A cobertura da TV se estendia do Extremo-Oeste ao Planalto Serrano de Santa Catarina e Norte do Rio Grande do Sul.

A TV Catarinense participou ativamente do desenvolvimento e da vida da região. Implantou projetos como o “Band Pé no Rio” e até incentivou a criação de um curso local de Comunicação Social: Radialismo e TV. Eu inclusive fui um dos muitos que ingressou no curso da Unoesc devido a possibilidade de ter uma oportunidade na TV Catarinense. Lembro-me, que na ocasião da extinção, meses antes de eu vim para Florianópolis, a sociedade local, junto com alunos do curso, se uniram, em vão, para pedir pela permanência da TV em Joaçaba.

Nem o esforço das demais redes de TV em Santa Catarina, com sucursais instaladas em Joaçaba, conseguem após 48 meses, suprir sequer uma parte do que era a TV Catarinense para aquela região.

Hoje, quatro anos depois do seu sepultamento, a TV Catarinense ainda vive na memória de milhões de catarinenses, como meus pais, que ainda vivem naquela região, e milhares de gaúchos, que tiveram a oportunidade de ver por 17 anos, uma programação de qualidade, com foco local e regional e o mais importante, com uma linha editorial independente, onde a sociedade não era apenas uma mera expectadora e sim, parte fundamental de seu cotidiano e da sua história.

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