domingo, 30 de novembro de 2008

Tragédia em SC: Minha homenagem

Para acompanhar o áudiovisual que fiz da tragédia visite o Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=afCfXKtoBPU

As imagens mostradas pela TV são apenas uma pequena parte da tragédia que abalou Santa Catarina, neste final de 2008. Só quem viu de perto a fúria das águas pode descrever a sensação de impotência vivida por nós catarinenses, principalmente no Vale do Itajaí.

O homem se sentiu pequeno perante a grandiosa força da natureza. É nestas horas que percebemos o quanto somos limitados.

Vi pessoas sendo levadas pela água, pessoas mortas soterradas. Vi famílias inteiras serem destruídas, casas e estradas desabarem. Vi o rio e o mar invadirem cidades inteiras.

Vi calçadas e ruas sendo engolidas pelo rio. Barrancos e morros inteiros simplesmente desaparecendo.

Vi ricos e pobres chorando as mesmas lágrimas. Pessoas de todas as cores, credos, orientações sexuais dividindo os mesmos abrigos, passando pelas mesmas dificuldades.

Vi as águas subirem e os desaparecidos, desabrigados e mortos não paravam de crescer. Sabe-se lá se um dia todos serão encontrados. O choro de uma mãe, de um filho, de uma família inteira me deixaram imóvel. O que fazer diante de tanta destruição?

Arriscar a própria vida para ajudar os outros? Neste momento poucos pensam em sua própria vida. A comoção toma conta de todos.

Vi desconhecidos adotando famílias inteiras. Vi doações chegarem do Brasil todo.

Vi uma mãe que foi salva pelo filho receber a notícia de que ele foi soterrado. Vi essa mãe chorar no caixão pedindo que Deus a levasse no lugar de seu filho.

Senti a dor de um filho que viu seu pai voltar para casa pegar os documentos e ser soterrado pelo barranco que caiu sobre a própria residência.

Senti de perto a dor de perder um amigo, um ente querido. De perder a esperança.

Vi famílias tentarem sorrir por estarem vivas, mesmo tendo perdido tudo, até a vontade de viver.

Vi milhares de desabrigados com fome e frio dormindo em abrigos improvisados, na esperança de que quando acordassem, tudo não passasse de um pesadelo.

Vi as cidades ficarem sem comunicação. Uma das únicas rádios que resistiu no ar, me comoveu. O locutor continuou sendo a voz da comunidade mesmo com as águas invadindo os estúdios. Com a água nos pés a equipe deu um show de profissionalismo.

Vi cenas de pânico e terror que jamais esquecerei.

A vida recomeça. Nada será como antes. A população está com medo.

É hora de ajudar. Seja solidário.

Força Santa Catarina!

Júlio Fantin
Jornalista

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